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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Descubra o que aconteceu com prisioneiros americanos após um retiro de meditação


Uma prisão de segurança máxima no Alabama (EUA) é profundamente alterada após a introdução de um retiro silencioso de meditação por 10 dias. A experiência narrada no documentário The Dhamma Brothers retrata como a prisão de segurança máxima de Donaldson Correction Facility usou pela primeira vez na história dos Estados Unidos um programa de meditação Vipassana para reabilitar seus prisioneiros.

Vipassana significa "ver as coisas como elas realmente são". É uma técnica milenar de meditação ensinada por Buddha e praticada na Índia há 2500 anos.

Através da observação das sensações no corpo e de uma rígida conduta diária no qual os participantes se abstêm de falar e interagir uns com os outros, prisioneiros do Donaldson Correction Facility descrevem os mais fascinantes depoimentos de autoconsciência e transformação em suas vidas.

O programa foi introduzido por dois professores de meditação e oferecido de forma livre e espontânea durante 10 dias. Uma estrutura especial foi montada para que os praticantes não tivessem contato com demais detentos fora do programa e para abrigar as longas sessões de meditação (ao todo, quase 10 horas diárias).

Após o retiro e mesmo com a proibição do curso por motivos religiosos, os prisioneiros continuaram sua prática de meditação diária até os dias atuais (já são mais de 10 anos!). No documentário eles não somente relatam uma percepção muito mais consciente de si mesmos e de seus atos como descrevem de que forma a meditação mudou suas vidas e pôde proporcionar paz e compaixão.

Em The Dhamma Brothers, a preciosa técnica de meditação parece finalmente oferecer uma esperança verdadeira de reabilitação dos criminosos. Para a maioria desses homens, talvez essa seja a única chance de uma mudança efetiva realizada de dentro para fora.

"Em silêncio, a mente naturalmente se dirige para observar sua própria natureza" (Rick Smith- detento, após completar o curso de 10 dias de meditação Vipassana)

O documentário pode ser encontrado na íntegra no Netflix. Assista o trailer:



Em tempo: os retiros de Meditação Vipassana, conforme ensinado por S. N. Goenka, acontecem em diversos locais no mundo inteiro durante todo o ano. No Brasil, os cursos são oferecidos no Rio de Janeiro (Centro fixo de Dhamma Santi), São Paulo, Curitiba, Brasília e também no nordeste. Qualquer um pode se inscrever sem a necessidade de noções prévias sobre meditação. Mais informações e inscrições no site www.dhamma.org/pt



(Grace Bender)


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

"Cidades em Transição" apresenta alternativa frente aos desafios globais

Em resposta à crise do petróleo, à instabilidade econômica e à destruição de ecossistemas, diferentes movimentos sociais e ecológicos passaram a emergir, no início do terceiro milênio, ancorados nos princípios da permacultura. Entre os diversos, destaco o movimento Cidades em Transição (Transitions Towns ) por criar uma rede popular de comunidades engajadas em transformar cidades em modelos mais sustentáveis. O projeto foi fundado em 2006 e disseminado pelo inglês Rob Hopkins, cujo objetivo inicial era mobilizar a população local da cidade inglesa de Totnes, onde reside, para questões relacionadas à crise energética e às mudanças climáticas.

A ideia do Cidades em Transição tem se expandido rapidamente para mais de mil comunidades em todo o mundo– bairros em Portugal, favelas no Brasil, comunidades rurais na Eslovênia, locais urbanos na Grã-Bretanha, cidades na Austrália e ilhas ao largo da costa do Canadá, só para citar algumas localidades. Todas as comunidades iniciaram projetos nas áreas de alimentação, transporte, energia, educação, habitação, resíduos e artes como pequenas respostas locais para grandes desafios globais, tais como mudanças climáticas, dificuldades econômicas e fontes de energia. A Brasilândia, por exemplo, foi o primeiro movimento de transição em uma comunidade de baixa renda no Brasil. Ela é formada por 110 favelas reunidas na zona norte da grande São Paulo e é considerada a maior favela urbana da América do Sul.



O movimento reconhece que uma possível falta súbita de recursos energéticos implicaria num choque drástico para as cidades. O “Pico do Petróleo” (correspondente ao período em que a máxima produção petrolífera mundial é atingida), inevitavelmente será seguido de seu esgotamento, enquanto energia não renovável, e isto afetará todas as regiões geográficas do planeta. Os Estados Unidos, por exemplo, vem sofrendo declínio incessante de sua produção desde 1970. A previsão de esvaziamento dessa fonte energética já havia sido feita em 1956 pelo geólogo da Shell M. King Hubbert e, por esse motivo, o pico do petróleo também é conhecido como “Pico de Hubbert”. Por essa e outras razões, instaurou-se a necessidade de treinar comunidades para um modelo de transição que pudesse reconstruir com urgência sua resiliência (capacidade de um sistema em resistir a choques externos) e para reduzir drasticamente as emissões de CO2.

Nesse sentido, Albert Einstein popôs uma importante reflexão que enfatiza a premissa vital dos grupos constituídos pelo Cidades em Transição:  “Um problema não pode ser resolvido no nível em que ele foi criado”. Essas cidades, por trabalharem comunitariamente, promovem ações significativas. Mesmo em pequena escala, suas respostas podem se transformar em grandes resultados. Que o exemplo sirva para que governos, empresas e nós todos vislumbremos caminhos possíveis para mudanças necessárias a uma forma de vida menos dependente de fontes energéticas não renováveis, mais sustentável e com mais qualidade para o planeta como um todo.

(Grace Bender)

* Texto publicado na coluna ECO LÓGICO! do jornal Gazeta do Sul.


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Nutrição elemental

"Alimento nutre o corpo
Pensamento nutre a mente
Prana nutre o campo psíquico
Arte nutre a alma
Meditação nutre a consciência"

(Grace Bender)



A conquista

"Tudo está em movimento em toda criação. O absoluto, estático e indelével, é a fonte do próprio movimento. Tudo se expressa a si mesmo o tempo todo e a natureza em si é linguagem pura. Aprender a ler a natureza e decifrar seus mistérios: o antídoto para o homem que busca a conquistar à força."

(Grace Bender)



Postulado de Saturno

"Após 29 anos, Saturno encontra-se consigo mesmo no salão dos espelhos fractais. As energias estão tranquilas, os sentidos à espreita. Numa mão carrega a foice; na outra, o trigo colhido. Senhor do tempo, separa o joio e cobra a semeadura. Saturno é o pai severo. Ainda assim, não menos amoroso. Plutão novamente ao seu lado, depura até a última gota do cálice rubro; mercúrio intelectualiza sem se aprofundar, perdendo-se dentro de sua própria mente vulnerável; aos pés de lótus saturninos, o grande astro rei solar se ajoelha, cabisbaixo. Os ouvidos estão atentos ao que o mestre tem a dizer: 'O ponto zero se rompeu; pelo portal atemporal onde todas as possibilidades são resultados das suas ações e escolhas, há de cruzar o medo e a incompletude para reconhecer sua verdadeira natureza'. Seu olhar plutônico e impetuoso então destila, como que numa pequena fração de momentum, todos os véus de ignorância que se atravessam pela frente. Um novo ser maduro agora pode vir à luz. O teorema de Saturno está postulado: quanto maior a consciência, maior a responsabilidade. E assim a criança de saturno tornou-se mulher. Crescer é para sempre."

(Grace Bender)



terça-feira, 4 de novembro de 2014

Centros lunares e o complexo mundo feminino

Toda mulher já deve ter se auto-observado e percebido que, mesmo fora da TPM, os altos e baixos emocionais e as mudanças de humor parecem uma constante montanha-russa. A natureza da mulher é claramente mais intuitiva e sensitiva, o que lhe confere uma sensibilidade distinta da do homem. Durante a gestação, a acidez do líquido amniótico (sem contar outros inúmeros fatores como o momento da concepção, posição, etc) ajuda na definição do gênero do feto. O pH mais elevado predispõe para o sexo masculino, ativando o hemisfério esquerdo e diminuindo a intensidade da zona direita cerebral. É desta forma que o homem desenvolve seu lado mais racional e pragmático.

Já as mulheres nascem com ambos os hemisférios ativados. Não é por acaso que conseguem realizar várias tarefas ao mesmo tempo. De acordo com o Dr. Drauzio Varella, “enquanto as áreas cerebrais controladoras da linguagem masculina estão limitadas ao hemisfério cerebral esquerdo, a mulher utiliza os dois hemisférios ao falar”.

Por outro lado, o sexo feminino tem a capacidade de formar maior número de conexões (sinapses) neuronais e acaba sendo muito mais difícil lidar com tamanha complexidade de informações todas processadas ao mesmo tempo. Além disso, alguns fatores interferem diretamente nas emoções femininas. A mulher está sujeita às fases da Lua externa, ao ciclo menstrual (também regulado pela Lua), é influenciada pela Lua na hora do nascimento e por 11 pontos lunares em seu corpo, conforme ensinado por Yogi Bhajan, no livro Aquarian Teacher.

Dentro da humanologia yóguica, ramo da Kundalini Yoga que aborda a psicologia humana em suas interações e estilo de vida para uma compreensão do ser, são identificadas áreas físicas no corpo da mulher, sensíveis às energias lunares e que afetam a forma como ela lida consigo mesma em sua vida cotidiana.

Os homens possuem apenas um ponto, ou centro, lunar localizado abaixo do queixo. Por esse motivo é recomendado usar barba nessa região para filtrar a incidência lunar (yin), uma vez que os pelos do corpo são como antenas que captam a energia solar (yang).

Já as mulheres possuem 11 centros que são ativados a cada dois dias e meio, completando um ciclo de 28 dias. A sequência varia de acordo com cada mulher. As emoções irão flutuar  conforme a mudança desses pontos.  Segundo o manual Aquarian Teacher os pontos são:

“1. O couro cabeludo( o halo ou linha de arco) - é verdadeiramente uma mulher - muito positiva, radiante, segura de si.
2. As bochechas (a parte rosada) - um lugar muito perigoso, quase perde o controle.
3. Os lábios - fala muito ou muito pouco. tem que controlar-se. É quando pode divulgar segredos e ser indiscreta.
4. O ponto lunar no lóbulo da orelha - quer discutir valores.
5. Atrás do pescoço ( a nuca) - quer comunicar-se de maneira muito romântica. Se recebe uma flor ou um gesto de apreciação sentimental, pode enlouquecer. Se um homem fala com ela nesta fase, ela inclina o pescoço em direção a ele.
6. Os seios - é muito doadora e compassiva. Pode dar de presente todas as suas coisas. É melhor esperar dois dias e meio para decidir se quer dá-las realmente.
7. Ponto do umbigo ( ou área correspondente atrás na coluna) - muito insegura.
8. Parte interior das coxas - quer confirmar tudo, muito afirmativa.
9. As sobrancelhas - muito ilusória, imaginativa, constrói castelos no ar. Se um homem toca este ponto, ela quase desmaia.
10. O clitóris - quer socializar-se, conversar, estar em festas, muito externa e encantadora.
11. A membrana da vagina - comportamento igual ao clítoris.”

Felizmente, existem algumas práticas eficazes dentro do Kundalini Yoga que podem ajudar a equilibrar os centros lunares na mulher e sua consequente flutuação emocional. A principal delas é a Meditação para Equilibrar os centros Lunares:

Deite-se sobre o estômago, coloque o queixo no chão e mantenha a cabeça esticada. Os braços devem estar ao longo do corpo, com as palmas das mãos para cima.
O Panj Shabad é o mantra para esta meditação.
Saa – Infinito, cosmos, início
Taa – Vida
Naa – Morte
Maa – Renascimento

O mantra é cantado silenciosamente com os olhos focalizados no ponto entre as sobrancelhas. Enquanto mentalmente vibra Saa, pressione polegar e indicador de ambas as mãos; com Taa pressiona polegar e dedo médio; com Naa, polegar e anular e com Maa, polegar e dedo mínimo. A meditação deve ser feita no mínimo 3 minutos. O ideal são 31 minutos diários.

(Grace Bender)


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O tudo nada

"Somente o nada tudo pode ser
Apenas o infinito pode abraçar o todo
Em sua vasta imensidão
Apenas o vácuo pode conter
A semente da inata criação
Somente o tudo nada pode ser"

(Grace Bender)



Saturno: compositor de destinos

Depois de dois anos e meio de intensa e profunda limpeza, saturno deixará o signo de escorpião para ingressar em sagitário no dia 23 de dezembro. Pela astrologia clássica indiana (astrologia védica) saturno ingressou em escorpião no dia 2 de novembro. Ainda assim, não importando qual signo ele se encontra, nenhum outro planeta é capaz de provocar tantos calafrios e despertar tanto medo e insegurança quanto ele. E não é à toa: o senhor do tempo (Khronos na mitologia grega) encenado nos céus por um belo astro adornado de anéis, também é representado pela imagem do ceifador implacável. Para muitos, Saturno é um planeta impiedoso; para outros, mal compreendido.

Cada planeta, tanto para a astrologia tropical quanto a astrologia sideral, é guardião de uma energia, qualidade ou tema dentro de nossa jornada evolutiva. A saga de saturno nada mais é do que a saga do professor x aluno, mestre x discípulo. Nenhum tipo de crescimento e maturação, seja material ou espiritual, está isento de dificuldades e provações pelo caminho. Pense no esforço enorme que uma simples palmeira teve de fazer para brotar da semente, crescer sob as intempéries da natureza e se erguer ante as forças da gravidade para atingir o céu. 

Saturno, como planeta representante kármico, cobra nada mais nada menos do que a sua responsabilidade e compromisso em assumir sua própria vida e seus próprios passos. Ele pode ser comparado com os tão temidos exames finais de ano no colegial. Se você fez sua lição e seu tema de casa com afinco, o semestre inteiro, certamente não terá problemas em passar de ano. Todavia, se ainda não entendeu a lição, ela se repetirá até que você possa mudar seu padrão (comportamental, energético, mental).

Nenhuma outra forma é capaz de conduzir nossas almas para o caminho simples e luminoso. A disciplina, a correta atitude mental, a postura contemplativa diante da vida e o fortalecimento da mente neutra são as atitudes mais eficientes que você pode tomar para transitar por estas épocas. Então saiba usá-las!  

Hoje você pode ter acordado de mal humor, porque o dia não estava ensolarado e quente como você queria, nem a comida daquele restaurante chinês estava com o tempero certo na medida como você gosta. Ou então atrasaram seu pagamento, os bancos entraram em greve e você não tem dinheiro para ter seu carro próprio. Não importa. Só não espere situações mais drásticas acontecerem para que você finalmente possa parar de se lamentar por tão pouco e valorizar a vida que lhe foi dada.

Para Saturno tudo é justo, certo e perfeito. E em cada momento está o potencial de realização máxima para o ser humano.  Confie e agradeça.

(Grace Bender)


O princípio da cura pelo som

Compreender que "Tudo é vibração " significa estar atento para um princípio de regência universal no qual absolutamente tudo na natureza, de acordo com as leis naturais (Dharma), está em constante vibração. Toda energia produz uma vibração e toda vibração, por conseguinte, produz um som. Desde o século passado é comprovado, pela ciência da Cimática, que o som cria a estrutura física e são as variadas frequências que moldam os objetos do mundo sensível  - de protosoários e microorganismos simples até as mais complexas galáxias e sistemas interestelares.

Durante as décadas de 60 e 70, o cientista físico suíço Hans Jenny realizou interessantes experimentos que comprovam essa realidade. Jenny, considerado o pai da Cimática, inventou o tonoscópio, uma máquina que permite a voz humana vibrar diretamente em uma placa metálica, coberta com cristais de areia finíssimos, mediante o uso de um microfone, osciladores sonoros e equipamentos eletrônicos.

Um dos impressionantes resultados da pesquisa de Dr. Jenny pode ser observado nas duas imagens abaixo. Na imagem 1, a mandala Sri Yantra, provavelmente uma das mais famosas encontradas em milhares de templos na Índia, representa o mantra “OM”. Na imagem 2, o cientista suíço entoou o “OM” continuamente em seu tonoscópio e obteve um resultado espantosamente similar ao da figura 1.

Mandala 'Sri Yantra' (imagem 1)


Mandala 'Sri Yantra' feita pelo Tonoscópio (imagem 2)


Curiosamente, a história da Cimática não é tão recente quanto se imagina e os experimentos do físico suíço nos levam a pensar que esta ciência já tenha sido conhecida pelos indianos antigos e por tribos africanas quando, há pelo menos mil anos, utilizavam tambores com pele esticada e polvilhada com pequenos grãos para adivinhar eventos futuros.

Leonardo Da Vinci, durante o século XV, também já percebia que ao vibrar uma mesa de madeira com poeira eram criadas variadas formas geométricas. No século XVIII o físico Ernst Chladni realizou testes incríveis com areia sobre uma placa metálica acoplada em seu violino. Percebeu que quanto mais elevada era a frequência da nota entoada no instrumento, mais complexos também eram os desenhos formados.

Se o som afeta de fato a matéria física, a terapia com estímulos sonoros e música, adequadamente utilizada, pode interferir beneficamente em nossos corpos físicos, mentais e emocionais. Nossas células, tecidos, órgãos, são compostos de átomos que vibram em frequências diferentes, e assim também os nossos pensamentos e emoções. Com efeito, a música tem a capacidade de atingir esferas inalcançáveis para o intelecto.

Quando o som flui através de nossos corpos, ele afeta a sua vibração e permite um rearranjo molecular. Certas combinações harmônicas de sons são interpretadas pelo organismo humano como uma chave para a restauração do equilíbrio interno, o retorno ao estado natural de saúde e prevenção. Essa chave é a harmonia que converte o som em uma ferramenta poderosa de transformação, tanto para criação quanto para destruição. O som e a música podem alterar quaisquer substâncias e, dependendo da intenção e correta aplicação, também promover a cura.

(Grace Bender)

Texto originalmente publicado na revista WebMaganize



domingo, 2 de novembro de 2014

Ciclo plutônico

"Você pode até me queimar
E me desfazer em cinzas pelo chão
Mas ainda restarão as fuligens
Para que eu possa cicatrizar
E as brisas
Para que eu possa me multiplicar
Amanhã, então, os ventos que sopram do mar
Farão deste mesmo pó o cisco que inebria o seu olhar
A cada transformação, uma parte de mim é sedimentada
Num dia o oceano transborda
No outro a terra vira pó"

(Grace Bender)



Aprender a se bastar. Pra quê?


Aprender a se bastar parece uma tarefa difícil para a maioria de nós. Somos todos interdependentes, mas, paradoxalmente, precisamos estar plenos e seguros de nós mesmos para o equilíbrio desta interação. O que geralmente acontece parece ser, por ironia, o contrário: agimos de modo egoísta, mas não sabemos sequer estar em paz conosco. Tudo que desejamos está imbuído com a finalidade de alimentar nossas carências. Todavia no momento de quedar sozinhos, sucumbimos em pânico - buscamos nas pessoas e objetos nossa satisfação.

Por que tememos tanto a solidão? Qual o motivo de quase sempre ser deveras sofrível e angustiante estar simplesmente consigo mesmo? Talvez nunca tenham nos ensinado a conhecer a nós próprios. E quem é esse “nós próprios”? Com o que iremos nos deparar?

Sabemos muito do mundo: aprendemos na escola que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos, descobrimos e catalogamos infindáveis espécies viventes sobre o planeta, dividimos o átomo e desenvolvemos a energia nuclear, descobrimos que a lua leva 27 dias 7 horas e 43 minutos para dar um giro completo ao redor da Terra, aprendemos formas de nos locomovermos mais rapidamente e desbravamos todos os oceanos e continentes. Somos, e com muito orgulho, animais razoavelmente bem sofisticados.

Porém o que de fato realmente sabemos sobre quem somos? Estar só, para muitos, pode ser um árduo exercício e requer a virtude da paciência. Aprender a se bastar é trilhar sozinho um caminho de incertezas, ser tentado o tempo todo à desistência, recear nossas próprias fraquezas, desejar voltar pelo caminho mais fácil, a tão atraente zona de conforto. Não é à toa que há milênios muitos yogis, santos, monges e até mesmo homens comuns largam suas vidas para passar anos isolados em montanhas e cavernas.

Apesar de o homem ser por natureza sociável, cada um precisa desenvolver previamente suas faculdades interiores para que suas relações sejam efetivamente harmônicas, e não predadoras da malha coesiva da existência. E isso apenas o caminho da solitude pode proporcionar até o dia em que se possa descobrir ser impossível estar sozinho.

Assim que superarmos o medo absurdo da solidão e começarmos a de fato aprender a apreciar quem verdadeiramente somos, honrando nossa jornada individual sem comparações e sem julgamentos, nos daremos por conta de que somos aquela pessoa que sempre procurávamos encontrar; que não precisamos de uma outra metade que nos complete, porque já estamos pleno; que nossa felicidade de modo algum precisa estar atrelada à existência de um objeto ou outra pessoa, mas que esta mesma pessoa sempre será bem-vinda para compartilhar todos os momentos preciosos que a vida for nos reservar.

Liberdade é ter coragem para desvendar esse "si próprio" que tanto anseia por se realizar, sujeito apenas ao que se é, de fato, sem necessidade de afirmações e circunstancias externas para ser. Apenas este ser pode dar a verdadeira liberdade de escolha e autonomia sobre a vida. Descubra-o e desfrute-o.

(Grace Bender)




Iniciação à Visão Elemental

Para dar as boas-vindas a você que aqui aporta, seja por simples curiosidade ou em busca da ampliação de visão, permita-se ser iniciado em um particular universo de expressão, sensibilidade e conhecimento.

A visão, clara e nítida, permite aprimorarmos nossa percepção de mundo. O homem enxerga até a capacidade onde sua visão e sua mente lhe permitem: tudo depende das lentes com as quais se habituou a usar.

E, muitas vezes, racionalmente compreendemos o que isso significa do ponto de vista metafórico, mas de forma muito intelectual. Como então criar a ponte entre a palavra e a experiência? A resposta está na mente (ou lente).

A visão Elemental remonta uma percepção primordial do ser humano, voltada para nossa condição natural harmônica e nossa essência mais sagrada. Aqui, todas as lentes pretendem ser experimentadas, analisadas, modificadas, estimuladas, desconceitualizadas, focadas e desfocadas, com o intuito de romper padrões e hábitos enraizados do complexo corpo/mente que nos limitam enxergar mais além.

Aqui, a mente é a aliada, é a ponte entre o céu e a terra, entre o divino e o homem.

O destino é alcançar o sentido mais profundo e intrínseco de nossa existência e experimentar aquela parte de nós mais intocada.

Esvazie a xícara, penetre o silêncio, zere sua mente, retire por um segundo suas lentes. O que vê?
Você está pronto para enxergar?

Sat Nam!

(Grace Bender)